Depreciação Gerencial: o que é e como calcular

A gestão do patrimônio de uma indústria precisa levar em conta a possibilidade de vender ativos. Entenda como a depreciação gerencial atua nesse sentido.
Henrique
24/06/2019 | 6 min

Em nosso blog, falamos anteriormente sobre o cálculo de depreciação e de uma de suas aplicações, a depreciação fiscal. Neste texto, portanto, vamos abordar a outra aplicação, a depreciação gerencial.

Ambos os tipos levam em conta o desgaste ou obsolescência temporal sofridos por um ativo. Contudo, sua aplicação difere justamente em relação à qual o intuito da empresa em relação a um ativo: ele será utilizado até o final de sua vida útil? Ou será revendido após certo período/uso?

Para saber quando a depreciação gerencial é relevante para sua indústria, continue lendo a seguir:

O que é categorizado como depreciação?

Primeiramente, antes de prosseguirmos, é importante relembrar o que define a “depreciação”. Se buscarmos no dicionário, saberemos que é a “diminuição do valor”, mas o que exatamente isso quer dizer em termos financeiros?

Todo ativo imobilizado, ou seja, todo bem de uma indústria que faça parte da operação, tem uma vida útil. Isso vai ser o tempo em que um ativo estará performando de forma desejável, ou seja, de forma útil.

Os fatores que vão determinar esse período são:

  • Desgaste natural
  • Quebra
  • Obsolescência tecnológica
  • Limites legais sobre o uso, quando eles são estipulados
  • Uso esperado do ativo

São esses os aspectos considerados pela Receita Federal como motivadores do cálculo de depreciação. Dessa forma, como será explicado mais adiante, é possível deduzir essa perda de valor de determinados impostos.

Também é o importante ressaltar que há exceções para os ativos que podem ser depreciados, visto que eles não fazem parte da operação ou não perdem valor, como:

  • Imóveis e terrenos mantidos apenas para revenda
  • Patentes e marcas registrados pela indústria
  • Ativos biológicos (no caso da indústria agrícola)
  • Direitos de exploração sobre recursos naturais

Casos excepcionais, como bens com apenas um ano de uso ou adquiridos por menos de R$1200,00 ficam a cargo do administrativo de cada indústria se serão depreciados ou não.

O que é a depreciação gerencial?

O que vai diferenciar a depreciação gerencial da depreciação fiscal vai ser o seguinte fator: o valor será descontado até chegar a zero (fiscal) ou o ativo será revendido por um valor inferior (gerencial) ao final da vida útil?

Como foi mencionado na seção acima, a depreciação pode ser considerada na dedução de impostos. Como é uma perda do patrimônio de uma indústria, é possível contabilizar a depreciação dos ativos como custo ou despesa.

Isso significa que, na perspectiva da depreciação fiscal, ou seja, que lida com esses impostos, é necessário zerar o valor do produto. Assim, ele deixa de ser incluído no cálculo de Imposto de Renda da indústria ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Na perspectiva da depreciação gerencial, por sua vez, o cálculo será utilizado como forma de gerenciar os ativos disponíveis na indústria.

Uma máquina ou ferramenta desgastada prejudica a operação e saber quando deve ser feita a troca desses bens é de suma importância para o bom desempenho da operação.

Da mesma forma, caso um ativo deixe de ser relevante para a indústria ou acabe sua vida útil, a depreciação gerencial vai determinar qual deve ser o valor de revenda. Assim, é possível oferecer um preço compatível com o mercado e com o estado atual desse bem após o uso.

Como fazer o cálculo da depreciação gerencial?

Como visto anteriormente, a depreciação é um cálculo baseado na vida útil de um ativo, mas que pode depender de diferentes métodos de depreciação.

A forma mais simples de calcular a depreciação gerencial, por exemplo é a partir da diferença entre o valor de aquisição e o valor de venda (ou valor residual).

Tomemos como exemplo um carro corporativo que é adquirido por R$40.000,00 e é vendido por R$20.000,00 após 5 anos de uso. Sabemos que ele perdeu 50% do seu valor de aquisição ao longo desse período. Como foram 5 anos, só podemos concluir que a depreciação anual foi de 10%.

Contudo, nem sempre é tão simples e é importante ter conhecimento de métodos mais robustos de cálculo de depreciação: o método linear e o método acelerado.

Método linear

Esse método vai definir que a depreciação ocorre ao longo da vida útil de forma regular. É o método mais previsível e, por isso, preferível para a administração de recursos.

A fórmula básica para a depreciação gerencial, usando o método linear é:

Da = (VN – VR) : N

Onde:

  • Da = Depreciação ao ano
  • VN = Valor Novo (valor de aquisição)
  • VR = Valor Residual (valor para venda)
  • N = número de anos após a aquisição do ativo

Dessa forma, se pegarmos como exemplo uma empilhadeira, elas possuem uma vida útil de 10 anos, ou seja, perde 10% do seu valor anualmente. Se comprada por R$1200 e vendê-la no sexto ano de uso, o cálculo será:

  • 120 = (1200 – VR) : 6
  • 720 = 1200 – VR
  • VR = 480

Ou seja, o valor de revenda será de R$480,00, podendo ser reutilizado para compra de outros ativos mais adequados para sua operação.

Método acelerado

Este método é mais utilizado para ativos que são operados em mais de um turno. Como eles são utilizados por mais tempo e sua necessidade é mais urgente, existe uma taxa adicional que “acelera” sua depreciação.

Essa taxa vai ser definida de acordo com o número de turnos que a máquina opera. Com dois turnos a taxa multiplica a depreciação em uma vez e meia (1,5) e com três turnos a depreciação dobra, como pode ser expresso abaixo:

Número de turnos Coeficiente de aceleração
Um turno de 8 horas (8h) 1,0
Dois turnos de 8 horas (16h) 1,5
Três turnos de 8 horas (24h) 2,0

Demonstrando melhor, se pegarmos a mesma empilhadeira do exemplo anterior, mas sendo utilizada em dois turnos, a conta vai ficar diferente. Isso porque a taxa deixa de ser 10% ao ano, para ser 15%:

  • 180 (15% de 1200) = (1200 – VR) : 6
  • 1080 = 1200 – VR
  • VR = 120

Ou seja, após a inclusão de uma taxa de aceleração, o valor residual caiupara uma quantia quatro vezes menor no mesmo período. Se a empilhadeira fosse utilizada em três turnos, no quinto ano seu valor já cairia para zero (com uma taxa de 20% ao ano).

Por isso, na depreciação gerencial, o método acelerado é útil para prever quando ativos mais utilizados para operação precisam ser trocados. Vender um bem com maior desgaste, ignorando o uso prolongado, seria incompatível.

Gerir patrimônio requer planejamento

Tratamos, portanto, sobre como a depreciação pode ser utilizada também de forma gerencial. Embora o aspecto fiscal também seja relevante para a depreciação, a gestão do patrimônio de uma indústria precisa levar em conta a possibilidade de vender os ativos.

É evidente que a manutenção regular também é um fator que afeta a vida útil de uma máquina ou ferramenta. Contudo, o planejamento administrativo precisa de métodos rápidos e práticos para gerenciar recursos. É a depreciação gerencial que vai permitir essa facilidade sem que seja necessária a análise de todas os bens operacionais.

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