Mark Zuckerberg, fundador da Meta, anunciou no dia 7 de janeiro a descontinuação do programa de verificação de fatos nos Estados Unidos. De acordo com o executivo, a decisão transfere aos usuários a responsabilidade de verificar a veracidade dos conteúdos.
E quais são os possíveis impactos para os negócios?
Impacto no Brand Safety
Sem a verificação de fatos por agências independentes, aumenta o risco de que anúncios de marcas sejam exibidos próximos a conteúdos falsos ou extremistas. Isso pode prejudicar a reputação das empresas, que geralmente buscam neutralidade para evitar associações negativas.
Para o Head de Marketing da Ploomes, Henrique Lubk, esse é um dos grandes riscos do fim da checagem de fatos pela Meta.
“O principal impacto do fim da checagem de fatos é a desconfiança das marcas em relação às plataformas. Sem regras bem definidas para o controle de conteúdos indesejados, as empresas podem se sentir menos seguras em investir tempo e recursos para construir comunidades”, destacou Lubk.
Risco do bloqueio das redes sociais da Meta no Brasil
O bloqueio de redes sociais no Brasil é uma medida extrema que tem sido considerada em situações específicas, geralmente relacionadas ao descumprimento de decisões judiciais ou à disseminação de desinformação.
O bloqueio de uma rede social pode afetar significativamente usuários e empresas que dependem dessas plataformas para comunicação, marketing e vendas. Profissionais de marketing, por exemplo, podem perder acesso a audiências construídas ao longo do tempo, impactando estratégias de negócios.
Lubk destaca que o impacto de bloqueio das redes de Zuckerberg seria infinitamente maior do que o que tivemos com o X.
“Muitos profissionais comparam essas mudanças da Meta com as alterações feitas por Elon Musk no Twitter (atualmente X), mas existe uma diferença importante de cenários. O tamanho do público do Instagram e Facebook no Brasil é mais difícil de ignorar do que o antigo Twitter (mesmo em sua melhor época) e abandonar essas redes se torna igualmente custoso”, comentou o Head de Marketing da Ploomes.
“A principal lição que se mantém de bloqueios de redes sociais no Brasil é que os usuários não possuem tanta lealdade em relação às plataformas. Confiar sua marca a uma rede social continuará sendo um risco que empresas precisarão medir antes de investir esforços”, completa Lubk.
Desdobramentos no Brasil
Com receio de que a medida fosse implementada também no Brasil, a Advocacia-Geral da União (AGU) enviou uma notificação extrajudicial à meta, na última sexta-feira (10), pedindo esclarecimentos sobre quais seriam as políticas da empresa de Zuckerberg no Brasil.
Conforme informado pela AGU, a Meta declarou que o Programa de Verificação de Fatos será descontinuado exclusivamente nos Estados Unidos. E que, no Brasil, a verificação de fatos continuará em vigor por enquanto.
Para o Head de Marketing na Ploomes, o comunicado da empresa de Zuckerberg ao Brasil tem um motivo.
“Provavelmente o caso do bloqueio do X no Brasil fará com que o Grupo Meta também haja com mais cautela, o que garantirá mais estabilidade”, destacou Lubk.
Porém, a AGU e os ministérios envolvidos no tema não se mostraram satisfeitos com a nota da Meta e consideram que os termos atuais das plataformas da Meta, como Facebook e Instagram, além das mudanças anunciadas pela empresa, “não estão em conformidade com a legislação brasileira e não garantem a proteção dos direitos fundamentais da cidadania”.
Uma audiência pública está agendada para a próxima quinta-feira, 16, em horário ainda a ser definido. Participarão da discussão a AGU, os Ministérios da Justiça e Segurança Pública (MJSP), Direitos Humanos e Cidadania (MDHC), e a Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom/PR).
Durante a reunião, serão debatidos os impactos da nova política implementada pela Meta, as obrigações de cuidado das plataformas digitais, os riscos associados à substituição do Programa de Verificação de Fatos nos Estados Unidos e as medidas necessárias para garantir o cumprimento da legislação nacional e a proteção de direitos. Também participarão especialistas, acadêmicos e representantes de agências de checagem de fatos.