Toda indústria precisa ter em mente que seus produtos, insumos e maquinários perdem valor com o tempo. O frequente uso, a obsolescência ou o desgaste natural são fatores que vão afetar um bem que participe das operações do negócio.
Para calcular a perda de valor de mercado que usamos o cálculo de depreciação de ativos imobilizados.
Existem diferentes critérios e maneiras de realizar essa operação que vão exigir cuidado na hora de medir o desgaste de instalações ou equipamentos. Veja a seguir quais são esses aspectos e como fazer o cálculo desse valor no contexto da sua indústria.
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O que é Ativo Imobilizado?
Qualquer bem físico de uma empresa que faça parte das atividades operacionais, sendo utilizado mais de uma vez, é um ativo imobilizado.
Portanto, os bens que se enquadram nessa categoria são:
- Móveis
- Máquinas
- Equipamentos
- Ferramentas
- Computadores
- Imóveis
- Veículos
- Entre outros
Há também exceções à regra, como os casos abaixo:
- Imóveis ou terrenos que sejam mantidos com o intuito exclusivo de revenda
- Ativos biológicos (como ocorre na agricultura)
- Ativos relacionados à exploração e avaliação de recursos não renováveis
Outros casos especiais são bens com valor de aquisição inferior a R$1200,00 ou que tenham menos de um ano de uso.
Nesses casos, fica a cargo da empresa decidir manter como ativo imóvel ou despesa.
Vida útil
A Receita Federal define depreciação pelos seguintes fatores:
- O uso esperado do ativo (quanto se esperar produzir com o bem)
- Ação da natureza (desgaste natural operacional ou ocioso)
- A obsolescência tecnológica em relação aos outros bens na operação ou disponíveis no mercado
Um ativo imobilizado sofre depreciação contínua desde o momento que está disponível para uso até o momento em que é vendido (depreciação gerencial) ou tem seu valor reduzido à zero (depreciação fiscal).
O primeiro caso é importante para calcular o preço de revenda de um equipamento ou veículo utilizado na operação. Já o segundo pode ser utilizado para reduzir tributos, como o Imposto de Renda.
Saber a vida útil também te ajuda a definir o prazo máximo para a troca de um material que esteja desvalorizado ou obsoleto. Estender a vida útil de seus equipamentos é desejável, mas trabalhar com componentes obsoletos pode afetar sua produção.
Método de depreciação
Nem todo ativo imobilizado vai obedecer a mesma fórmula de cálculo de depreciação. Existem três tipos básicos de cálculo:
- Método da linha reta
- Método acelerado
- Método de unidades produzidas
Explicaremos detalhadamente cada método a seguir:
Método da Linha Reta
É o mais simples e o preferido por orçamentários porque consegue tratar de produtos de forma mais geral. A fórmula em si é:
Da = (VN – VR) : N
Onde:
- Da = Depreciação anual
- VN = Valor novo
- VR = Valor Residual
- N = vida útil em anos
Portanto, a depreciação anual definida pelo método da linha reta vai subtrair o valor residual que um bem perde a cada ano (VR) do valor de compra do produto (VN), dividido pelo tempo calculado da vida útil em anos (N).
Se usarmos como exemplo uma empilhadeira, é esperado que elas tenham uma vida útil de 10 anos e deduzindo 10% de valor residual ao ano. Caso seja comprado um modelo por R$100.000, o cálculo será o seguinte:
Da = (100000 – 10000) : 10
Da = 90000 : 10
Da = 9000
Isso significa que, no ano seguinte, a empilhadeira estará custando R$91.000, daqui dois anos R$82.000, em três anos R$73.000 e assim continua até o valor chegar à zero ou até a venda do ativo.
Método Acelerado
Este método parte do pressuposto que o ativo perde mais valor no primeiro ano que nos próximos.
Para colocar isso no cálculo de depreciação, os anos são somados e cada ano vai corresponder a uma fração do valor decrescente pela soma total dos anos.
Caso a vida útil seja de 5 anos, por exemplo, a soma dos anos var dar 15 (1+2+3+4+5). O primeiro ano vai utilizar o maior valor anual (5) e formar a fração 5/15, que no próximo ano será 4/15, depois 3/15 e assim vai.
Essa fração vai ser aplicada sobre a dedução do valor residual sobre o valor novo (de compra):
Da = (VN – VR) x Nd/TN
Onde:
- Da = Depreciação anual
- VN = Valor novo
- VR = Valor Residual
- Nd = numeração do ano da vida útil em ordem decrescente
- TN = Soma dos anos de vida útil
Como esse método nunca chega a zero, é natural que ele seja substituído pelo Método de Linha Reta no final da vida útil.
Método de Unidades Produzidas
Caso queira calcular a depreciação a partir do uso ou produção estimados do ativo é possível fazer a seguinte fórmula:
D = VN x TD
Onde:
- D = Depreciação
- VN = Valor novo
- TD = Taxa de depreciação
A taxa de depreciação pode ser medida de duas formas, por meio da tabela de depreciação anual definida pela Receita Federal ou por meio da fórmula:
TD = Número de unidades produzidas / Total de unidades a produzir na vida útil
Esse cálculo tem a vantagem de não depender exclusivamente do tempo, mas da produção. Independente do ano em que estamos, se uma máquina produziu duas mil peças e ela precisa produzir dez mil a taxa vai ser 20%:
TD = 2000 / 10000
TD = 20 / 100
Planeje seu orçamento com Cálculo de Depreciação
Esperamos que os métodos apresentados acima te ajudem a encontrar a melhor forma de gerir os seus ativos fixos.
Estimando quando será necessário fazer a reposição de uma máquina ou ferramenta é essencial para manter sua indústria em bom funcionamento e sem surpresas futuras no orçamento.
Quer se aprofundar na gestão dos ativos fixos? Confira o artigo: Capex: o que é, como calcular e melhores práticas na gestão dos indicadores
Além disso, é possível deduzir parte do Imposto de Renda a partir do cálculo de depreciação.
Embora a Receita Federal defina alguns aspectos sobre a natureza dos elementos envolvidos na operação, como o valor residual e o método utilizado vão depender da gestão de cada empresa.
Dessa forma, ter visibilidade da saúde de seu negócio também é parte essencial da estratégia definida pelo seu financeiro definir a depreciação.
Se quiser se aprofundar nos valores definidos, a Ploomes disponibiliza uma Tabela de Depreciação da Indústria e uma Planilha de Cálculo de Depreciação.