Em nosso blog, falamos anteriormente sobre o cálculo de depreciação e de uma de suas aplicações, a depreciação fiscal. Neste texto, portanto, vamos abordar a outra aplicação, a depreciação gerencial.
Ambos os tipos levam em conta o desgaste ou obsolescência temporal sofridos por um ativo. Contudo, sua aplicação difere justamente em relação à qual o intuito da empresa em relação a um ativo: ele será utilizado até o final de sua vida útil? Ou será revendido após certo período/uso?
Para saber quando a depreciação gerencial é relevante para sua indústria, continue lendo a seguir:
O que é categorizado como depreciação?
Primeiramente, antes de prosseguirmos, é importante relembrar o que define a “depreciação”. Se buscarmos no dicionário, saberemos que é a “diminuição do valor”, mas o que exatamente isso quer dizer em termos financeiros?
Todo ativo imobilizado, ou seja, todo bem de uma indústria que faça parte da operação, tem uma vida útil. Isso vai ser o tempo em que um ativo estará performando de forma desejável, ou seja, de forma útil.
Os fatores que vão determinar esse período são:
- Desgaste natural
- Quebra
- Obsolescência tecnológica
- Limites legais sobre o uso, quando eles são estipulados
- Uso esperado do ativo
São esses os aspectos considerados pela Receita Federal como motivadores do cálculo de depreciação. Dessa forma, como será explicado mais adiante, é possível deduzir essa perda de valor de determinados impostos.
Também é o importante ressaltar que há exceções para os ativos que podem ser depreciados, visto que eles não fazem parte da operação ou não perdem valor, como:
- Imóveis e terrenos mantidos apenas para revenda
- Patentes e marcas registrados pela indústria
- Ativos biológicos (no caso da indústria agrícola)
- Direitos de exploração sobre recursos naturais
Casos excepcionais, como bens com apenas um ano de uso ou adquiridos por menos de R$1200,00 ficam a cargo do administrativo de cada indústria se serão depreciados ou não.
O que é a depreciação gerencial?
O que vai diferenciar a depreciação gerencial da depreciação fiscal vai ser o seguinte fator: o valor será descontado até chegar a zero (fiscal) ou o ativo será revendido por um valor inferior (gerencial) ao final da vida útil?
Como foi mencionado na seção acima, a depreciação pode ser considerada na dedução de impostos. Como é uma perda do patrimônio de uma indústria, é possível contabilizar a depreciação dos ativos como custo ou despesa.
Isso significa que, na perspectiva da depreciação fiscal, ou seja, que lida com esses impostos, é necessário zerar o valor do produto. Assim, ele deixa de ser incluído no cálculo de Imposto de Renda da indústria ou da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.
Na perspectiva da depreciação gerencial, por sua vez, o cálculo será utilizado como forma de gerenciar os ativos disponíveis na indústria.
Uma máquina ou ferramenta desgastada prejudica a operação e saber quando deve ser feita a troca desses bens é de suma importância para o bom desempenho da operação.
Da mesma forma, caso um ativo deixe de ser relevante para a indústria ou acabe sua vida útil, a depreciação gerencial vai determinar qual deve ser o valor de revenda. Assim, é possível oferecer um preço compatível com o mercado e com o estado atual desse bem após o uso.
Como fazer o cálculo da depreciação gerencial?
Como visto anteriormente, a depreciação é um cálculo baseado na vida útil de um ativo, mas que pode depender de diferentes métodos de depreciação.
A forma mais simples de calcular a depreciação gerencial, por exemplo é a partir da diferença entre o valor de aquisição e o valor de venda (ou valor residual).
Tomemos como exemplo um carro corporativo que é adquirido por R$40.000,00 e é vendido por R$20.000,00 após 5 anos de uso. Sabemos que ele perdeu 50% do seu valor de aquisição ao longo desse período. Como foram 5 anos, só podemos concluir que a depreciação anual foi de 10%.
Contudo, nem sempre é tão simples e é importante ter conhecimento de métodos mais robustos de cálculo de depreciação: o método linear e o método acelerado.
Método linear
Esse método vai definir que a depreciação ocorre ao longo da vida útil de forma regular. É o método mais previsível e, por isso, preferível para a administração de recursos.
A fórmula básica para a depreciação gerencial, usando o método linear é:
Da = (VN – VR) : N
Onde:
- Da = Depreciação ao ano
- VN = Valor Novo (valor de aquisição)
- VR = Valor Residual (valor para venda)
- N = número de anos após a aquisição do ativo
Dessa forma, se pegarmos como exemplo uma empilhadeira, elas possuem uma vida útil de 10 anos, ou seja, perde 10% do seu valor anualmente. Se comprada por R$1200 e vendê-la no sexto ano de uso, o cálculo será:
- 120 = (1200 – VR) : 6
- 720 = 1200 – VR
- VR = 480
Ou seja, o valor de revenda será de R$480,00, podendo ser reutilizado para compra de outros ativos mais adequados para sua operação.
Método acelerado
Este método é mais utilizado para ativos que são operados em mais de um turno. Como eles são utilizados por mais tempo e sua necessidade é mais urgente, existe uma taxa adicional que “acelera” sua depreciação.
Essa taxa vai ser definida de acordo com o número de turnos que a máquina opera. Com dois turnos a taxa multiplica a depreciação em uma vez e meia (1,5) e com três turnos a depreciação dobra, como pode ser expresso abaixo:
Número de turnos | Coeficiente de aceleração |
Um turno de 8 horas (8h) | 1,0 |
Dois turnos de 8 horas (16h) | 1,5 |
Três turnos de 8 horas (24h) | 2,0 |
Demonstrando melhor, se pegarmos a mesma empilhadeira do exemplo anterior, mas sendo utilizada em dois turnos, a conta vai ficar diferente. Isso porque a taxa deixa de ser 10% ao ano, para ser 15%:
- 180 (15% de 1200) = (1200 – VR) : 6
- 1080 = 1200 – VR
- VR = 120
Ou seja, após a inclusão de uma taxa de aceleração, o valor residual caiupara uma quantia quatro vezes menor no mesmo período. Se a empilhadeira fosse utilizada em três turnos, no quinto ano seu valor já cairia para zero (com uma taxa de 20% ao ano).
Por isso, na depreciação gerencial, o método acelerado é útil para prever quando ativos mais utilizados para operação precisam ser trocados. Vender um bem com maior desgaste, ignorando o uso prolongado, seria incompatível.
Gerir patrimônio requer planejamento
Tratamos, portanto, sobre como a depreciação pode ser utilizada também de forma gerencial. Embora o aspecto fiscal também seja relevante para a depreciação, a gestão do patrimônio de uma indústria precisa levar em conta a possibilidade de vender os ativos.
É evidente que a manutenção regular também é um fator que afeta a vida útil de uma máquina ou ferramenta. Contudo, o planejamento administrativo precisa de métodos rápidos e práticos para gerenciar recursos. É a depreciação gerencial que vai permitir essa facilidade sem que seja necessária a análise de todas os bens operacionais.