Manter o estoque sempre cheio de produtos é o melhor para sua indústria? A Produção Enxuta nos mostra que não, não se deve pecar pelo excesso tanto quanto não se pode pecar pela falta.
Vamos mostrar abaixo como essa metodologia estabelece um novo modelo de indústria capaz de trabalhar de forma eficiente ao invés de excedente, sem que isso ofereça riscos para a empresa.
Modelo de produção atual (a produção em massa)
Primeiramente, vamos analisar brevemente qual é o presente cenário da produção. Embora muita coisa tenha mudado desde o estabelecimento do fordismo, é possível colocar o método de produção em massa como o método tradicional.
Ele se baseia em manter uma produção cada vez mais rápida para que não haja falta de produtos para revenda. O tempo que um potencial cliente esperaria para produzir um bem de consumo é feito antes que haja demanda. Dessa forma, a entrega é feita mais rapidamente e a empresa conquista a venda.
Até aqui tudo certo, não? Mas o que acontece quando há flutuação ou queda na procura de seus produtos? Mercadorias paradas sofrem prejuízo constante conforme ficam estocadas e é necessário que essa produção se pague.
Outro fator é a padronização do seu catálogo. Como não há uma previsão de demanda robusta, é necessário manter a cadeia produtiva o mais previsível possível. Mantendo um catálogo limitado, com pouca variação de matéria-prima e processos, se perde em variedade, mas se ganha em tempo e recursos.
No curto prazo isso pode ser uma estratégia válida, mas que, ainda assim, não evita o desperdício. Mesmo simplificando processos, como não há nenhuma previsibilidade, o risco de superprodução se mantém presente.
Modelo de produção moderno (a produção enxuta)
O modelo da produção em massa foi utilizado em muitas indústrias, com resultados variáveis em cada caso, mas uma empresa em especial notou as falhas decorrentes desse método: a Toyota Motor Corporation.
Como mencionamos em textos anteriores (Lean Manufacturing e Lean Thinking) a Toyota, assim como outras empresas do país, buscava uma forma de crescer em um país devastado pela 2ª Guerra Mundial.
O modelo de produção em massa foi a primeira escolha parra essa missão, mas se mostrou ineficiente devido à falta de recursos do país e necessidade de uma maior variedade de produtos.
Em contrapartida, os sistemas de controle de qualidade mostravam melhores resultados.
Foi por meio deles que os japoneses perceberam que otimizar processos, tornando-os mais eficientes e precisos, permitia o desenvolvimento de uma linha de produção mais dinâmica, flexível e, principalmente, mais lucrativa.
Portanto, ao implementar ciclos de qualidade, as tarefas passavam a ser mais previsíveis e efetivas, o que reduzia o desperdício de materiais, tempo e pessoal empregados. O estabelecimento de uma produção com o mínimo de desperdícios foi denominado de produção enxuta.
Contudo, apenas falar sobre gestão da qualidade não basta para entender todos os aspectos envolvidos nesse novo modelo de produção. Uma série de outras mudanças também foram implementadas para dar apoio a uma estrutura mais rápida e eficiente. Confira quais foram essas mudanças logo abaixo:
O cliente como foco
O primeiro passo para entender a produção enxuta é saber que o cliente é o foco de todos os esforços empregados na indústria.
Se não existe demanda do mercado, não há razão da empresa existir e o mesmo vale para cada processo existente no ciclo de produção. Por isso, antes de qualquer decisão, é crucial se perguntar:
- O que gera valor para meu cliente?
- Como a minha estrutura atual gera valor para meu cliente?
- Que alterações posso fazer para entregar um produto/serviço com maior valor para meu cliente?
Essas três perguntas vão ser a fase inicial de qualquer projeto. Depois, é necessário ainda mensurar resultados, porque nem tudo o que é visto como valor para o cliente pode ter a resposta desejada.
A maior deficiência do modelo tradicional é justamente não ter um conhecimento aprofundado de sua demanda. Então fazer o acompanhamento com sua base de clientes antes, durante e depois das alterações é um diferencial importante da produção enxuta.
Dessa forma, é possível obter dados mais robustos e assertivos da demanda futura que vai recair sobre a produção. É a partir dessas informações que é possível estabelecer um conceito que veremos mais a seguir: o Just-in-Time.
Produção por demanda imediata e no menor tempo possível
Como mencionamos anteriormente, a produção em massa reduz o tempo de entrega de um produto produzindo-o com antecedência. Com produtos disponíveis a qualquer hora, o único custo de tempo seria com a logística.
Contudo, isso abre a possibilidade de superprodução, gerando prejuízo a longo prazo devido à perda de valor no estoque ou dos materiais caso o produto seja totalmente comprometido. Então como resolvemos esse problema? Reduzindo desperdícios na cadeia produtiva, gerando uma linha dinâmica capaz de atender sob demanda.
No contexto em que foi desenvolvida, a produção em massa ainda contava com muitas limitações, tanto tecnológicas quanto de capital humano, para estabelecer processos rápidos e interconectados. No entanto, a partir da evolução da tecnologia, do nível técnico dos operadores e de métodos de gestão da qualidade passa a ser possível reduzir atritos e estabelecer um fluxo de trabalho rápido, flexível e responsivo, ou seja, a produção enxuta.
Para isso, o Just-in-Time vai definir que as tarefas serão feitas de acordo com definições padrão de tempo e recursos a ser empregados. Qualquer excesso, além do que foi definido, vai ser desperdício e qualquer falta impede o sequenciamento da cadeia.
Contudo, se empregado com sucesso, o Just-in-Time fornece a visibilidade necessária para fazer melhorias no processo produtivo. Isso porque a padronização permite a coleta de dados assertivos e, consequentemente, a identificação de desperdícios na linha de produção.
Produção enxuta: resultados maiores com menores custos
A otimização de processos já é uma realidade do mercado. Insistir em modelos datados faz com que os mesmos desperdícios de anos atrás continuem ocorrendo. A curto prazo, esses problemas podem não ser muito perceptíveis, mas a longo prazo pode ser o diferencial entre se manter concorrente no mercado e ser ultrapassado pela concorrência.
A metodologia Lean (ou enxuta), como demonstramos neste texto, é parte de uma série de mudanças do mercado, que se encaminha para a Quarta Revolução Industrial. Modernizar sua fábrica agora é urgente para que os custos das alterações não afetem seu orçamento ou que sua empresa não fique estagnada.