Produtos defeituosos ou quebrados, falta de comunicação entre os setores e problemas na compra de materiais dos fornecedores. Esses são problemas comuns no cotidiano do processo produtivo industrial.
Contudo, a recorrência de tais complicações gera desperdícios para o negócio e compromete o orçamento da indústria. Produtos defeituosos exigem retrabalho, a falta de comunicação atrasa toda a entrega e falhas no fornecimento vão exigir adaptação do material ou ociosidade na espera por outra entrega.
Felizmente, é possível estabelecer meios para reduzir ou mesmo eliminar erros que antes poderiam parecer comuns ao chão de fábrica. Veja abaixo medidas que ajudam na identificação de problemas e otimização do seu processo produtivo industrial.
Os 5 Sensos
Os 5 sensos (também conhecidos como 5S) são cinco diretrizes que buscam reduzir ao máximo os obstáculos para o processo produtivo industrial. São eles:
Seiri (Senso de Utilização)
No espaço de trabalho devem ser mantidos apenas os elementos que são indispensáveis à execução das tarefas. Materiais, equipamentos ou máquinas desnecessários para determinada operação devem ser armazenados ou movidos para as áreas em que são mais úteis.
Seiton (Senso de Organização)
Os operadores têm apenas o necessário, mas os recursos ficam espalhados ou misturados. A separação dos materiais e ferramentas em nichos, assim como medidas que incentivem o uso organizado desses itens é importante para a execução de tarefas rotineiras. Isso porque a organização é um elemento chave para o fácil acesso a máquinas e ferramentas.
Seisou (Senso de Limpeza)
Um ambiente limpo e agradável é essencial para a saúde dos seus colaboradores e das suas máquinas. Excesso de poeira, infiltrações e má ventilação podem afetar a estrutura a longo prazo e facilitar o aparecimento de doenças. Além disso, treinar seus operadores para fazer rotinas de limpeza e lubrificação nas máquinas evita o desgaste natural das máquinas.
Seiketsu (Senso de Padronização)
Se foi possível realizar os três passos anteriores no processo produtivo industrial, então é necessário fazer com que eles sejam frequentemente empregados. Apenas organizar e limpar o chão de fábrica uma vez gera poucos resultados. É essencial que os colaboradores sejam capazes de mantê-los ao longo do tempo.
Shitsuke (Senso de Disciplina)
Este último seria considerado o estágio perfeito da execução dos sensos. Quando seus colaboradores realizam todas as etapas de forma disciplinada, sem a necessidade de imposição ou incentivos, isso significa que o método teve sucesso. Seus profissionais passam a ser capazes de manter a organização do espaço de trabalho e ainda sugerir melhorias que beneficiem a todos.
O 5S também é muito utilizado na aplicação de Lean Manufacturing, justamente pelo fato de eliminar tudo aquilo que for desnecessário para a operação. Deixando apenas o crucial, seus colaboradores podem focar em tarefas que agreguem valor aos seus produtos ou serviços.
TRF – Troca Rápida de Ferramentas
Também conhecida como SMED (Single Minute Exchange of Die), o TRF é um método que busca reduzir o tempo necessário para a troca de máquinas ou equipamentos.
Para isso, vão ser definidas 5 etapas:
- Escolha da equipe e máquina piloto: é necessário, antes de tudo, escolher uma equipe com diversas capacitações para o setup e escolher uma máquina que seja essencial para a necessidade para a operação;
- Análise dos elementos do setup: aqui é realizada a gravação ou acompanhamento do setup para que se possam determinar quais processos são necessários e em quanto tempo são realizados;
- Classificação dos elementos: uma vez identificados os elementos precisam ser classificados como “atividades internas” (com a máquina parada) ou “atividades externas” (com a máquina funcionando)
- Conversão dos elementos: a intenção aqui é pensar como transformar atividades externas em internas, pois o setup poderia ser mais rápido com a máquina em funcionamento;
- Otimizar o tempo: tendo determinado todo o setup, resta otimizar ao máximo as tarefas para que elas sejam realizadas em menos tempo.
A implementação da TRF agiliza a troca de máquinas ou equipamentos, o que, por sua vez, vai reduzir o desperdício gerado pela necessidade de fazer essa troca em primeiro lugar.
É importante ressaltar também que a filmagem da segunda etapa permite que os encarregados do projeto possam repetir várias vezes um mesmo processo e pensar qual é o melhor meio de fazê-lo. Outra vantagem é a melhoria na instalação das máquinas.
Como a TRF exige uma análise aprofundada do setup de uma máquina no processo produtivo industrial, ela reduz a chance de instalações defeituosas que tragam prejuízo para a produção.
Sistemas de gestão da produção
Antes de tudo, o processo produtivo industrial precisa ser pensado como um processo único. Sem as vendas não há demanda e sem a logística não há materiais para a produção ou escoamento do que foi produzido.
Desperdícios relacionados à superprodução ou à ociosidade normalmente são sintomas da falta de comunicação entre os setores e etapas de toda a cadeia produtiva.
Dessa forma, as indústrias adotam sistemas de gestão que permitem a integração entre todos os processos e forneçam dados relevantes para que não haja pausas ou excessos de nenhumas das partes.
Softwares, como os ERPs, PCPs e uma variedade de sistemas de automação permitem a construção de um fluxo de trabalho contínuo e eficiente.
Engenharia de produto
Seus produtos precisam ser compatíveis com todo o processo produtivo industrial. Disponibilizar um produto que não tenha valor para o cliente coloca em risco as metas da empresa, porque não gera demanda.
Da mesma maneira, querer oferecer um produto de ponta, que gere muito valor para o cliente, mas não dispor dos recursos para estabelecer sua produção também não leva a resultados favoráveis.
Dessa forma, a engenharia de produto leva em conta três fatores durante a elaboração de um projeto de produto:
- Os objetivos estratégicos da empresa;
- Os recursos disponíveis;
- Os problemas e necessidades dos clientes.
Dessa forma, as limitações e potenciais riscos para a fabricação já são calculados durante o processo de criação de um produto.
Tendo visibilidade das suas vendas, ainda é possível determinar um processo produtivo industrial personalizável e alinhado com as capacidades da sua indústria. Assim, você gera maior valor para o cliente e direciona seus recursos apenas para a produção do que é necessário.
Strategic Sourcing
O Strategic Sourcing (ou Fonteamento Estratégico) é uma análise de fornecedores que vai levar em conta mais fatores do que apenas o menor preço do mercado.
Isso porque preços menores podem significar uma estrutura reduzida e menor qualidade. Na prática, um fornecedor que estipula o menor preço pode atrasar a entrega ou fornecer algo diferente do que foi previamente combinado.
Essa análise também vai definir a necessidade do material a ser adquirido para a indústria, a situação do mercado para aquele material específico, o poder de negociação com o fornecedor e o controle sobre a entrega.
Dessa forma, o processo produtivo industrial é protegido de falhas do fornecimento e o próprio negócio tem maiores condições de negociar com as diferentes fornecedoras.
Uma abordagem holística do processo produtivo industrial
A indústria precisa ser pensada não apenas como uma série de processo, mas como uma série de processo que precisam estar unidos a um mesmo fluxo. As melhorias apresentadas acima focam em diferentes aspectos do processo produtivo industrial e mostram como é possível abordá-los individualmente, mas nunca esquecendo a conexão com outros setores ou etapas.
Sem isso, o surgimento de gargalos se torna evidente e o crescimento do negócio é comprometido. Portanto, para criar uma indústria forte e eficiente, é necessário que todas as suas partes estejam em pleno funcionamento e alinhadas com as necessidades de toda a cadeia operacional.