A gamificação é uma verdadeira mina de ouro para a estratégia de uma empresa. O principal objetivo dela é reter a atenção de uma pessoa e direcioná-la para uma ação, que gera recompensas.
Quem nunca passou horas em algum jogo no computador, celular ou console, não é mesmo? Ao contrário do que algumas pessoas podem pensar, esses jogos também são uma fonte de vendas para inúmeros setores, já que entretém quem joga e estimula a interação com a marca.
Mas não confunda, a gamificação é algo diferente dos jogos eletrônicos. Ela se aproveita dos elementos desses jogos para criar engajamento, motivação e envolvimento em situações que, a princípio, talvez não fossem vistas como divertidas para quem as pratica.
Por mais que essa seja uma estratégia excelente para a produtividade, o grande “problema” da gamificação é que a maioria das empresas ainda não sabe como usá-la. Pensando nisso, preparamos este guia com tudo o que você tem que saber para aplicar essa estratégia da maneira certa no seu negócio.
O que é gamificação?
A gamificação é uma estratégia que envolve o uso de técnicas e recursos presentes em jogos eletrônicos em contextos que não são tradicionalmente relacionados a eles. Pense o seguinte:
- Um dos principais focos de um jogo é lidar com os sentimentos das pessoas. Isso envolve a frustração da perda e o prazer da vitória, por exemplo. Neste contexto, se uma marca consegue gerar a sensação de realização no cliente ou colaborador ao concluir uma missão em um jogo, significa que ela conseguiu atrair a atenção dessa pessoa.
Essa forma de engajar, motivar e estimular o público a interagir com a marca é, justamente, o que vai impactar diretamente nas vendas. Por meio de pontuações, rankings, desafios e recompensas, atividades cotidianas se tornam mais interessantes e envolventes.
Breve histórico e evolução
Em 2024, seria incorreto dizer que o conceito de gamificação é novo. Pelo contrário, ele surgiu em 2008, ganhando maior popularidade apenas em 2010.
É verdade que desde que os jogos eletrônicos começaram a fazer parte da vida das pessoas, ainda no final do século passado, essa forma de interação e engajamento passou a ser objeto de estudo para ser usada no mundo dos negócios.
Além disso, por mais que o objetivo final da gamificação seja aumentar as vendas, ela serve antes como estratégia de marketing. O marketing, inclusive, pode-se dizer que aproveitou o avanço da tecnologia e a popularização dos videogames para usar a gamificação de maneira mais atrativa para o público-alvo das empresas.
Por mais que haja essa manobra, ainda são minoria as empresas que sabem usar a gamificação a seu favor. Um exemplo é uma pesquisa realizada pela empresa de software Gupy, e divulgada pelo Valor Econômico, que afirma que apenas quatro em cada dez empresas brasileiras usam a estratégia – nesse caso para treinamentos de colaboradores.
O que não é gamificação!
Assim como é importante saber o que é gamificação, você também precisa entender o que não se encaixa dentro dessa estratégia. Um erro comum é pensar que se trata apenas de transformar qualquer coisa em um jogo e os resultados virão.
Lembra que falamos sobre a gamificação não se tratar apenas de criar jogos? É preciso ter um propósito bem definido ao investir nela, seja para alcançar o público desejado ou para mensurar os resultados posteriormente.
Além disso, é importante destacar que os jogos, dentro dessa estratégia, devem ser de curta duração. O foco está em atrair a atenção para algo específico e direcionar para uma ação, você não quer e não precisa que o cliente conclua dezenas de fases para conseguir o prêmio.
Onde se aplica a gamificação?
Como explicado anteriormente, a gamificação pode ser aplicada em diversos contextos, e isso também inclui diferentes setores: educação, meio ambiente, empresarial e muitos mais, seja com o público-alvo ou com os próprios colaboradores.
Veja alguns exemplos do uso da gamificação em diferentes áreas:
Educação e treinamento
É praticamente impossível que você, seja ao longo do ensino fundamental, médio ou até mesmo do ensino superior, nunca tenha se deparado com uma disciplina ou conteúdo que achou entediante.
Como forma de resolver esse problema, atualmente, já existem dezenas de plataformas educacionais que adotam elementos de jogos, como níveis, pontuações e recompensas, para motivar os alunos a estudarem mais e a se envolverem com o conteúdo de forma ativa. Podemos citar como exemplo:
- Duolingo;
- Kahoot!
- Classcraft;
- Classdojo.
Essa é uma forma de aprender algo novo ao mesmo tempo em que a criatividade é estimulada. Dessa maneira, os estudantes se sentem mais motivados a aprender, já que ao invés do modelo tradicional de ensino, são desafiados a superar obstáculos em busca de recompensas.
Marketing e fidelização de clientes
O marketing é, sem dúvidas, uma das áreas que mais se beneficiou das possibilidades que a gamificação permite para desenvolver estratégias de fidelização dos clientes. Essa é uma ferramenta que serve para engajar clientes e tornar essas pessoas propagadoras da marca.
Um dos exemplos mais tradicionais são os programas de fidelidade, que oferecem pontos ou recompensas com base na quantidade ou valor de compras ou interações dos clientes com a marca, em determinado período de tempo.
Esses pontos podem ser trocados por prêmios – benefícios -, criando uma sensação de progressão semelhante à de um jogo. Isso significa que podem haver descontos, produtos ou serviços gratuitos, gratuidade no frete, entre outras vantagens.
Recursos humanos e treinamento corporativo
No mundo corporativo, a gamificação também encontrou seu espaço e está sendo usada pelos departamentos de RH como alternativa para aprimorar treinamentos e processos de desenvolvimento de habilidades dos colaboradores.
Ao invés de investir tempo e recursos em modelos tradicionais, como palestras ou leituras de livros, se adotam plataformas gamificadas para que os colaboradores aprendam enquanto praticam através de fases e objetivos alcançados.
Saúde e bem-estar
Aplicativos de saúde e bem-estar também são formas de usar a gamificação. Essas, inclusive, são algumas das soluções mais usadas, mesmo que talvez você não tenha se dado conta disso.
Aplicativos que ajudam a manter a dieta e controlam o tempo de exercício físico são ótimos exemplos. A gamificação está presente graças ao sistema que esses apps utilizam, sejam pontos, troféus virtuais por metas alcançadas ou outras formas de recompensas.
Eles ajudam a manter as pessoas motivadas, transformando as atividades físicas em algo mais interessante e recompensador. Para o cérebro humano, é muito mais prazeroso você bater a meta de praticar 1h de exercícios físicos por dia e ganhar um troféu virtual do que não receber nada, nem um elogio, por isso.
Desenvolvimento de software e aplicativos
Possivelmente o mercado onde a gamificação está presente com mais força, o desenvolvimento de software e aplicativos está considerando essa estratégia para melhorar a experiência do usuário.
Plataformas que incorporam elementos de jogos eletrônicos, como menus e tutoriais interativos, sistemas de progressão de fase e adotam feedbacks em tempo real, tornam o aprendizado e a adaptação a novas ferramentas mais intuitivas.
Benefícios da gamificação
Quando utilizada da maneira certa, é possível extrair o máximo da gamificação e, dessa maneira, gerar muitos benefícios para a empresa.
Separamos os principais e explicamos como a marca tem a ganhar com isso:
Aumento do engajamento
Para as empresas, é essencial manter os colaboradores engajados. Uma forma de fazer isso é por meio de indicadores que mostrem como está o desempenho do profissional ao longo de um período de tempo específico – e com isso a gamificação pode ajudar.
Cristiano Sacramento, co-founder da Peoplefy – empresa especialista em gamificação, explica que a estratégia é ótima para quem busca motivação. “Um colaborador precisa estar motivado para render o seu máximo. Em vendas, onde é comum ouvir muitos ‘nãos’, essa necessidade de alto astral é ainda maior, por isso, a gamificação ajuda a expor as informações sobre o rendimento de maneira mais atrativa”.
Melhoria na retenção de informações
Pessoas engajadas tendem a aprender de maneira mais fácil o que está sendo explicado e conseguem reter as informações com maior rapidez. A gamificação facilita a memorização e a compreensão do conteúdo.
Uma das melhores formas de reter algo na memória é a interação, portanto, pessoas engajadas com o processo de aprendizado são capazes de guardar e aplicar o conhecimento de maneira mais eficaz.
Impacto positivo na produtividade
Ao transformar tarefas repetitivas ou desafiadoras em experiências divertidas e interativas, a gamificação incentiva os colaboradores a realizarem atividades com mais frequência e de maneira mais eficaz, criando um hábito.
Elementos essenciais de gamificação
Gamificação, vale ressaltar, não é o mesmo que um jogo eletrônico. Enquanto o objetivo final de um game é fazer com que os jogadores fiquem dezenas ou até centenas de horas jogando, a gamificação tem como foco principal transmitir uma informação.
Por mais que haja essa diferença quanto ao propósito, tanto gamificação quanto jogos eletrônicos compartilham dos mesmos elementos, que são:
Pontuação e rankings
Um dos elementos mais comuns da gamificação é o sistema de rankings e pontuação. No contexto empresarial, um exemplo seria dar pontos (moedas fictícias) a cada tarefa que o colaborador cumprir ao longo do dia.
Ao atribuir pontos para essas ações específicas, as pessoas podem medir seu progresso de maneira tangível. Além disso, a gamificação ajuda a despertar uma vontade de competir com outros participantes para ver quem fica acima no ranking, o que leva a um aumento no engajamento da equipe.
Storytelling
Se existisse uma lei sobre elementos obrigatórios para uma boa gamificação, o storytelling provavelmente seria o primeiro ponto de destaque.
Imagine que você está assistindo um filme que, no começo parece ser sobre carros, no meio parece ser sobre aviões e no final sobre motos. Confuso, para dizer o mínimo, certo?
Isso acontece porque uma história sem um bom enredo (storytelling) não é atrativa para ninguém. Criar uma narrativa envolvente para a gamificação, portanto, é um dos pilares para que a estratégia funcione na motivação dos profissionais.
É preciso ter de forma clara sobre o que a gamificação é, o que o colaborador precisa fazer e quais recompensas ele pode ganhar.
Recompensas e incentivos
Por falar em recompensas, elas são o que o colaborador vai buscar quando estiver dentro da estratégia de gamificação. Isso significa que, para fazer sentido, é necessário ter um prêmio em disputa.
Não existe uma regra para essa recompensa, ela pode ser desde itens físicos, como uma garrafa de champanhe, uma cesta básica ou uma viagem para algum local turístico, até recompensas simbólicas, como medalhas virtuais e um destaque na intranet.
Desafios e missões
O desafio é o que estimula alguém a participar da gamificação. Ao contrário de um jogo, no entanto, a dificuldade dessas missões não precisa ser alta. Quanto mais simples, melhor.
Sem desafios, a experiência se tornaria monótona e perderia seu apelo de motivação. Esses desafios podem ser completar uma tarefa dentro de um prazo ou algo que exija a colaboração de uma equipe.
Feedback imediato
Quando um colaborador recebe feedback instantâneo sobre suas ações, ele pode ajustar seu comportamento no curto prazo e rever isso mais rapidamente.
Quando gamificado, a recepção desse feedback tende a se tornar mais fácil. O mesmo vale para reuniões 1×1 ou outras formas que o gestor tem para se comunicar com sua equipe.
Como implementar gamificação na sua empresa?
Como mostrado até aqui, a gamificação é uma ferramenta que contribui diretamente para a motivação, o engajamento e a produtividade dos colaboradores.
Para implementar essa estratégia em uma empresa, é preciso seguir alguns passos fundamentais.
1. Defina seus objetivos
O primeiro passo para implementar a gamificação é ter clareza sobre os objetivos que você espera alcançar por meio dela. Tenha em mente que o “fazer por fazer” é o mesmo que jogar dinheiro fora.
Você quer aumentar a produtividade, engajar colaboradores ou melhorar a satisfação do cliente? Se for tudo isso ou apenas uma dessas coisas, não importa, o que importa mesmo é definir metas claras para criar um sistema alinhado com as necessidades da empresa.
2. Identifique seu público-alvo
Conhecer bem o público-alvo é fundamental para que a gamificação funcione, mas não considere a idade como um fator determinante para isso.
É verdade que cada grupo de pessoas têm motivações e interesses diferentes, por isso é importante que o sistema gamificado seja personalizado para atender essas particularidades.
A idade do colaborador vai impactar somente na forma como a gamificação deve ser construída, e não se ela deve ou não ser executada. Cristiano Sacramento, da Peoplefy, corrobora essa afirmação. “Hoje, no Brasil, as pessoas que mais são adeptas aos jogos eletrônicos estão na faixa dos 30 aos 39 anos. Isso significa que a idade não é um fator determinante quando falamos da capacidade que a gamificação tem de engajar e motivar os profissionais”.
3. Escolha os elementos de gamificação
O terceiro passo está diretamente conectado com os dois anteriores, especialmente o primeiro. A quantidade de elementos que você vai usar depende muito de qual é o objetivo por trás dessa estratégia.
Você pode optar por sistemas de pontuação, rankings, desafios ou recompensas, dependendo do que mais se alinha aos seus objetivos e o que mais você considera capaz de fazer com que os colaboradores interajam com o sistema.
4. Desenvolva um sistema gamificado
Com os elementos definidos, você já tem tudo o que precisa para dar início ao seu sistema gamificado. As possibilidades incluem a criação de uma plataforma digital que faça isso e por onde você possa gerenciar tudo ou desenvolver um sistema próprio.
Falando em termos de dinheiro, criar uma gamificação própria custa bem mais do que investir em uma plataforma que fornece modelos prontos, como é o caso da Peoplefy.
5. Estabeleça metas
Depois de definir como será o sistema gamificado, o próximo passo é definir quais serão as metas para os participantes. Lembre-se que elas precisam ser claras e mensuráveis, caso contrário, a estratégia não vai surtir tanto efeito como poderia.
Assim como em um jogo de videogame, as pessoas precisam saber o que estão tentando alcançar e quais as recompensas para cada etapa. As metas, no entanto, devem ser realistas, mas desafiadoras o suficiente para manter o interesse dos participantes.
6. Monitore os resultados
Com tudo pronto e rodando, estipule um prazo para começar a monitorar os resultados dessa iniciativa. Em uma equipe de vendas, por exemplo, você pode analisar as métricas a partir da conclusão do primeiro mês de uso da gamificação.
Antes de 30 dias de uso, provavelmente você não terá muitos dados interessantes para obter insights sobre o que está dando certo ou o que precisa de melhorias no sistema.
É importante manter um canal de comunicação direto com todas as pessoas que vão usar o sistema de gamificação. Isso serve para coletar feedback direto da fonte, o que é útil para entender quais devem ser os próximos passos.
Estudos de caso e exemplos de sucesso
Se mesmo depois de ler até aqui, você ainda está se perguntando se apostar em gamificação pode trazer bons resultados para a sua empresa, nada melhor do que conferir exemplos reais para tirar todas as suas dúvidas.
Uma publicação no site da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR) analisou sete exemplos de sucesso na aplicação da estratégia de gamificação em grandes instituições. São elas:
- Gerdau;
- Starbucks;
- Exército dos Estados Unidos;
- Deloitte;
- Santander;
- Nike;
- Microsoft.
Entre esses sete exemplos, três são particularmente interessantes pela forma como trabalharam a capacitação de colaboradores e clientes: Gerdau, Starbucks e Nike.
Gerdau
A Gerdau é uma siderúrgica gigantesca que usou da gamificação para mudar a forma de treinar seus funcionários.
Ao invés de dar uma apostila enorme para cada colaborador ou fazer com que ficassem horas assistindo palestras, a empresa apostou na realidade virtual para solucionar esse problema.
Os profissionais da Gerdau usam óculos de realidade virtual, que simulam o trabalho dentro da indústria, para se capacitar. Isso faz com que eles aprendam na prática, além de ser uma alternativa segura em comparação a deixar pessoas ainda sem qualificação para operar máquinas perigosas.
Starbucks
A cafeteria mais famosa do mundo também inovou usando a estratégia de gamificação para motivar seus clientes a comprar.
O Starbucks Rewards é o programa de recompensas da rede, onde, por meio de um aplicativo, são registrados pontos para cada compra que o cliente faz em uma loja Starbucks.
Esses pontos podem ser trocados por prêmios e benefícios, como descontos ou produtos da marca (camisetas, canecas, copos, entre outros).
Nike
A forma com a qual a Nike abordou a gamificação é particularmente interessante, já que tem como objetivo motivar as pessoas a praticarem exercícios físicos.
Vale lembrar que a Nike é uma marca de produtos esportivos e, ao incentivar com que seus usuários pratiquem esportes usando o aplicativo Nike Training Club (com treinos para cada perfil de pessoa) ou Nike Running Club (este voltado apenas para quem gosta de correr), ela também incentiva os clientes a consumirem mais produtos da marca.
Conclusão
A gamificação é uma forte tendência para qualquer empresa que deseje motivar seus colaboradores e/ou clientes.
Por mais que tenhamos abordado inúmeros aspectos dela neste conteúdo, ainda é só a ponta do iceberg. Mas calma!
A Ploomes preparou um webinar 100% gratuito sobre gamificação, onde convidamos o especialista Cristiano Sacramento, da Peoplefy, para responder as perguntas mais frequentes sobre o assunto.
A gravação está disponível na íntegra pelo canal da Ploomes no YouTube. Acesse agora mesmo e confira: