UX e UI são conceitos muito próximos. É possível encontrar, por exemplo, profissionais que sejam responsáveis por ambas as áreas.
As siglas significam, respectivamente, User eXperience (experiência do usuário) e User Interface (interface do usuário). Em outras palavras, ambos pensam o desenvolvimento de um produto, serviço ou plataforma voltados para o cliente.
Assim como nas etapas no funil de vendas, pensar nesses conceitos como diferentes é um exercício complexo. Há muitas áreas cinzentas que permitem a comunicação entre os dois.
Dessa forma, quais são, exatamente, as particularidades de cada um? Como funciona o diálogo entre eles? É o que veremos a seguir.
Vender cadeiras não é fácil
De forma a ilustrar a diferença entre UX e UI, vou trazer de volta a cadeira usada de exemplo no texto que trata especificamente sobre UX. Dessa vez, porém, não veremos o lado de quem compra, mas de quem vende.
Quando sua intenção é de produzir cadeiras para escritório, imagina-se que elas sejam bem diferentes de cadeiras de bar ou poltronas, por exemplo.
A rotina de trabalho em escritórios costuma durar oito horas e exige foco em atividades específicas e complexas. Ficar em pé durante esse tempo pode cansar os colaboradores e afetar a produtividade.
Por outro lado, é necessário haver alguma mobilidade para pegar um papel na impressora, ir atrás de alguém em outro departamento, conversar com o distribuidor, etc.
Se, em uma pesquisa feita entre funcionários de grandes empresas, descobrimos que eles gostam de conforto e praticidade, é necessário incluir tudo isso num produto adequado para esse público.
Pensando nisso, você inclui rodinhas que permitem que alguém se locomova sem precisar se levantar e ainda inclui um assento bem acolchoado com apoio reclinável para tornar mais confortável.
Surge, então, um problema. Há centenas de cadeiras iguais no mercado, de maneira que não é possível diferenciar uma entre dezenas.
Agora, além de ter que pensar na melhor cadeira para o seu cliente, é necessário deixá-la diferente de todos os modelos. Dessa forma mudamos a qualidade, o visual ou mesmo o preço.
Não se esqueça também de garantir que ela precisa ser reconhecida como uma cadeira de escritório, assim não é possível fazer nada muito distante do que os outros modelos já são.
Depois de muitas reuniões, trabalho e dor de cabeça, a cadeira está pronta. Terminado isso ainda fica a dúvida, o que isso tem a ver com UX e UI? Calma que logo abaixo eu explico.
UX – A Experiência do Usuário
UX trata da experiência do usuário, ou seja, trata sobre as interações do usuário com seu produto, serviço ou sistema.
Como é de se imaginar, você não necessariamente pensa como seu cliente. Então não é possível supor, a partir de puro senso comum, quais são as experiências que seu usuário busca, uma vez que é possível que nem mesmo ele saiba.
Mesmo um produto/serviço que parece único precisa de adaptações para a experiência que se busca oferecer. Por exemplo, seria digno de riso tentar vender cadeiras dobráveis de bar para escritórios corporativos.
Dessa forma, parte do processo de UX é buscar o que exatamente os potenciais clientes (os leads) buscam. As alternativas para realizar esse tipo de pesquisa são inúmeras. Entre elas estão:
- perguntar diretamente para os leads o que seria “uma experiência ideal”;
- pedir para que avaliem seu serviço/produto com uma nota de 0 a 10;
- analisar dados já disponíveis em outras pesquisas, redes sociais e ferramentas de busca, como Facebook e Google.
Esses são apenas alguns exemplos, mas, é importante ressaltar que os conceitos por trás da experiência do usuário são subjetivos e abstratos. Muitos fatores podem intervir durante essa interação.
Há também a necessidade em acompanhar com frequência a interação do seu cliente para encontrar possíveis deficiências no produto/serviço oferecido. É esse tipo de esforço que mostra um diferencial importante para o seu negócio.
UI – A Interface do Usuário
UI, por outro lado, vai tratar da interface existente entre o cliente e o seu produto/serviço.
A definição de interface pode ser entendida aqui como o meio que um usuário utiliza para acessar algo. No exemplo acima, o nosso algo é a cadeira.
Embora seja um termo mais comum na informática, a interface do usuário não se resume apenas a sites e aplicativos com design agradável.
Se você quer “acessar” uma cadeira, o natural é que você a pegue pelo lado mais palpável, provavelmente o encosto ou o braço. O que não é regra, é possível também puxar pelo pé, pedir para que alguém te ajude a sentar, etc.
O que é importante entender é que a interface serve justamente para tratar dos aspectos físicos que permitem a interação. Portanto, na relação entre UX e UI, o UI é a ponte para que o usuário interaja, ou seja, experiencie o produto/serviço.
Nesse caso, as rodinhas e um assento reclinável são inovações interessantes no modelo “clássico” de uma cadeira.
Dessa forma, as melhorias na interface têm que estar adequadas ao contexto da experiência. Um bar não poderia oferecer cadeiras com rodinhas para seus clientes, por exemplo, muito menos após algumas cervejas.
Uma boa interface não é apenas acessível, mas reconhecível
Em plataforma digitais, a UI tem que oferecer botões, caixas de texto, links e imagens que permitam uma experiência intuitiva e otimizada. Ela também vai ser responsável por criar uma marca facilmente reconhecível, ou seja, o branding.
Todo o layout, paleta de cores, tipografia, efeitos sonoros e outros aspectos referentes aos aspectos audiovisuais estão incluídos nesse conceito. Já viu uma cor, fonte ou mesmo som que lembrou uma marca? Isso significa que o branding foi, de fato, efetivo.
Em contraste com o reconhecimento, se o produto/serviço for muito inovador, ele pode causar um estranhamento no usuário tão forte que se aproxima da repulsa. Só procurar imagens de “carros feios” no Google que esse fenômeno fica mais claro.
UX e UI, o elo essencial para um usuário satisfeito
Os conceitos de UX e UI estão ligados, portanto, como formas de aprimorar a interação do cliente com seu produto/serviço.
O UX vai cuidar de buscar o que exatamente esse usuário quer e quais são as experiências que podem ser oferecidas. Definido isso, o UI vai se encarregar de produzir todo o aparato que vai oferecer, da melhor maneira possível, o que a UX deseja proporcionar.
Usando de outra analogia, se eu quero atravessar um rio sem precisar me molhar (UX), preciso de uma ponte (UI). Ela pode ser feita de qualquer material, desde que eu consiga passar de um lado para o outro.
Contudo, uma ponte feita de aço passa muito mais segurança que uma feita com madeira. Dessa forma, é crucial oferecer o melhor tipo de estrutura para que o usuário tenha a melhor experiência.