Não é de hoje que a preocupação em construir um modelo sustentável de negócio tem sido observada no mundo corporativo.
Mais do que o valor econômico propriamente dito, empresas de diversos segmentos passaram a adotar pautas relacionadas ao desenvolvimento ambiental e social.
Esse movimento tem nome e já deixou de ser uma tendência para se tornar parte importante da estratégia de grandes companhias: ESG significa Environmental, Social e Governance, que traduzindo querem dizer Meio Ambiente, Social e Governança.
Na prática, o processo ultrapassa questões empresariais internas, envolvendo colaboradores, consumidores e investidores nas tomadas de decisão.
Embora o tema já seja difundido há algum tempo, muitas empresas ainda têm dúvidas sobre a sua real importância e, sobretudo, como colocar esse conceito em prática.
Você faz parte desse grupo? Então continue lendo e conheça os conceitos de ESG e como aplicá-lo no seu negócio.
O que é ESG?
Adotar boas práticas de sustentabilidade deixou de ser uma estratégia atribuída a um nicho específico para se tornar uma tendência em organizações dos mais variados segmentos.
O movimento é composto por padrões relacionados a três pilares: meio ambiente, ações sociais e governança.
São esses os elementos utilizados para mensurar o nível de sustentabilidade de uma empresa, isto é, se há consciência social e se a companhia adota boas práticas relacionadas à gestão.
A ideia é que as organizações enxerguem além do prisma financeiro, mas que também gerem impactos nas esferas sociais e ambientais.
Mais do que oferecer um bom produto ou serviço, o ESG visa ampliar a consciência de lideranças a respeito de seu papel e influência diante a sociedade e seus stakeholders, aplicando as boas práticas de sustentabilidade em todas as esferas do negócio.
Quando surgiu o conceito de ESG?
Quando a Guerra Do Vietnã eclodiu no final da década de 1960, diversos movimentos foram criados em oposição ao governo e em favor do fim dos conflitos.
Em suma, tais organizações eram motivadas por crenças religiosas e por um estilo de vida e de senso moral que ganharam força na década de 1970.
Ao longo dos anos, esse movimento acompanhou diversas empresas e investidores, sendo considerado a base para o que chamamos hoje de ESG.
Mas foi em 2004 que, através de um relatório da Organização das Ações Unidas (ONU), o conceito ficou conhecido.
Intitulado “Who Cares Wins” – que em tradução refere-se à “Quem se importa, ganha”, o documento continha todos os aspectos voltados a questões ambientais, sociais e de governança, estabelecendo padrões que guiaram, a partir de então, as estratégias adotadas pelas empresas no mundo todo.
Em 2007, com o objetivo de arrecadar recursos para a implementação de estratégias para a melhoria do meio ambiente, foram criados os green bonds – investimentos que alocam recursos exclusivamente para projetos sustentáveis.
Com o passar dos anos, o conceito ganhou força em outras esferas econômicas. Um exemplo é o projeto ODS (Objetivos de Desenvolvimento Sustentável), consolidado a partir de 17 objetivos sustentáveis e políticas públicas para guiar a humanidade até 2030.
Os pilares de ESG
Como você viu, existem três pilares que compõem esse conceito e norteiam as ações relacionadas à sustentabilidade nas organizações. Conheça, a seguir, cada um deles.
Ambiental
O pilar ambiental diz respeito a ações que causam impactos relevantes no meio ambiente, como gestão de resíduos, desmatamento, fontes de energia renováveis, mudanças climáticas, biodiversidade, entre outros.
Embora esses fatores sejam comumente associados a companhias que produzem efeitos no meio ambiente, empresas de outros segmentos podem e devem adotar esta pauta em suas ações diárias.
O descarte correto de resíduos e a reciclagem são práticas simples e que, ao mesmo tempo, têm impacto significativo na construção de um ambiente mais saudável e sustentável.
Social
Nunca se falou tanto em promover um ambiente que estimule o crescimento profissional dos colaboradores mas que, ao mesmo tempo, preserve sua saúde mental e física.
Esses fatores estão diretamente relacionados ao pilar social, que tem como principal objetivo construir uma relação saudável com os stakeholders – sejam eles funcionários, clientes, investidores, fornecedores e comunidade em que a empresa está inserida.
Ou seja, tudo que refere-se a questões relacionadas ao impacto social de uma empresa ou organização. Ele se concentra nos aspectos que envolvem os direitos humanos, condições de trabalho, diversidade e inclusão, saúde e segurança dos funcionários, envolvimento comunitário e bem-estar dos stakeholders.
O pilar social do ESG tem como objetivo garantir que as empresas operem de forma ética e responsável, levando em consideração o impacto de suas ações na sociedade em geral. Aqui estão alguns elementos-chave do pilar social do ESG:
- Direitos Humanos: Envolve o respeito aos direitos humanos básicos em todas as operações da empresa, incluindo questões como a eliminação do trabalho infantil e forçado, a promoção da liberdade de associação e o combate à discriminação.
- Condições de Trabalho: Refere-se à garantia de condições de trabalho justas e seguras para os funcionários, como salários dignos, horas de trabalho adequadas, benefícios sociais, saúde e segurança ocupacional.
- Diversidade e Inclusão: Envolve promover a diversidade e a inclusão dentro da empresa, criando um ambiente de trabalho que valoriza e respeita a diversidade de origens, culturas, gêneros, etnias e habilidades. Isso pode incluir iniciativas de contratação inclusivas, programas de treinamento e desenvolvimento e a promoção da igualdade de oportunidades.
- Envolvimento comunitário: Refere-se ao envolvimento ativo da empresa com as comunidades em que opera. Isso pode incluir o apoio a programas educacionais, iniciativas de desenvolvimento local, doações para organizações sem fins lucrativos e a busca de relações de longo prazo com as partes interessadas locais.
- Bem-estar dos stakeholders: Considera o impacto das operações da empresa nos stakeholders, como clientes, fornecedores, acionistas e comunidade em geral. Isso envolve garantir a qualidade dos produtos e serviços, a transparência nas relações comerciais e a responsabilidade social em relação aos produtos e serviços oferecidos.
Ao abordar o pilar social do ESG, as empresas buscam garantir que suas práticas comerciais promovam o bem-estar social e contribuam para a criação de uma sociedade mais justa e sustentável. Isso é feito por meio da implementação de políticas, programas e práticas que abordam as questões sociais e impactam positivamente as pessoas e as comunidades afetadas por suas atividades.
Governança
Fatores relacionados à governança consideram as boas práticas de gestão adotadas por uma empresa.
Em geral, esse pilar avalia questões como transparência, ética, política de remuneração e práticas financeiras.
A governança também é responsável por determinar ações de proteção de dados, viabilizando a privacidade das informações dos colaboradores e clientes.
Seu objetivo é garantir que todos os envolvidos sejam amparados e tenham seus direitos preservados, fortalecendo a gestão da companhia em todos os âmbitos.
Veja também: O que é Compliance e como implementar na sua empresa?
Quais os benefícios de implementar ações de ESG nos negócios
Adotar um modelo sustentável de negócio promove benefícios significativos no ecossistema de uma empresa, promovendo mudanças significativas na rotina de todos os envolvidos em sua operação. Conheça alguns deles:
Redução de custos
Reduzir custos é, sem dúvidas, um objetivo frequente ao longo do ciclo de vida das organizações.
O que pouco se sabe, no entanto, é que as ações que envolvem a sustentabilidade podem gerar impactos positivos também na economia de recursos financeiros.
Imagine, por exemplo, que sua empresa precise arcar com taxas de descarte de forma contínua, fator que influencia diretamente no caixa da companhia.
Em um cenário de priorização de práticas sustentáveis, como redução de resíduos e reciclagem, os gastos relacionados a serviços públicos são reduzidos, influenciando diretamente na saúde financeira do negócio.
Reputação da empresa
Muito além do discurso que evidencia a preocupação com pautas ambientais, é nítido que são as ações práticas as responsáveis por atrair investidores e consolidar as empresas como, de fato, sustentáveis.
A reputação pode ser uma palavra de peso quando o objetivo é levar uma empresa a adotar a pauta ESG.
No entanto, mostrar que a organização é realmente comprometida depende de uma estratégia consolidada, que envolva os três pilares nos processos primordiais da companhia.
Sendo assim, a transparência é o que vai evidenciar para os consumidores, investidores e todos os envolvidos, que a empresa tem em seu escopo uma preocupação com as pautas sustentáveis.
Fidelização de clientes e retenção de talentos
Em um mercado competitivo e com concorrência acirrada, fidelizar clientes é um desafio e tanto se você não adota medidas para fortalecer o relacionamento e não investe em melhorias no negócio.
Aliado a isso, há também a dificuldade de retenção de talentos, que cada vez mais se atraem por ambientes que promovem a sustentabilidade em sua totalidade.
Esses fatores levam a crer que adotar pautas sociais, ambientais e de governança vão muito além do impacto financeiro, fortalecendo a cultura de uma empresa perante os seus clientes e colaboradores.
Ao consolidar as práticas de ESG, a empresa terá um maior reconhecimento de marca e aumentará suas chances de atrair e reter novos talentos. Além disso, os clientes terão mais confiança e dificilmente buscarão outras alternativas.
Sustentabilidade e transparência
Como você viu, a transparência é um fator chave para uma empresa que deseja mostrar aos investidores que suas práticas são sustentáveis e em sintonia com o que o mercado procura.
Isso porque de nada adianta investir em ações sociais, ambientais e de governança se não há uma documentação das estratégias adotadas.
Além de garantir que o controle dos processos, viabilizar a transparência das ações tornará a otimização dos projetos mais acessível, facilitando a implementação, acompanhamento e revisão das atividades.
Atração de investidores
Ao apostar em um negócio, os investidores precisam se certificar que os valores da empresa são alinhados aos seus, uma vez que estamos falando de um processo financeiro minucioso.
Sendo assim, empresas que têm em seu escopo estratégias sustentáveis são altamente vantajosas para os investidores, já que são menos propensas a controvérsias e escândalos, por exemplo.
Além disso, o retorno obtido por fundos que adotam as pautas de ESG são visivelmente mais altos no longo prazo, outro fator de relevância para os investidores.
Para além do âmbito financeiro, o pilar de governança promove um ambiente mais seguro e sólido para os investidores, evitando riscos e prejuízos ao longo prazo.
Como aplicar ESG na minha empresa?
Agora que você já conhece os seus pilares e as vantagens de adotar esse conceito, é hora de entender como aplicar o ESG na sua empresa!
Estabeleça uma estratégia
Embora a intenção de abarcar todos os pilares de ESG no dia a dia de um negócio pareça desafiadora, quando feito de maneira objetiva e com metas possíveis, esse processo promove mudanças importantes nas empresas.
Sendo assim, o primeiro passo é definir quais ações serão implementadas em cada um dos pilares. O foco aqui não é abraçar todas as possibilidades, mas entender o que de fato se alinha ao momento do negócio.
Quando se trata de boas práticas ambientais, por exemplo, criar um plano de gestão de resíduos pode ser uma alternativa eficiente. Além disso, investir no uso de energia renovável também é uma opção viável.
Já no que tange práticas sociais, o leque é mais amplo, o que permite investir em práticas que podem ser aplicadas em diversos âmbitos do negócio, como políticas de inclusão e diversidade, bem-estar no ambiente de trabalho, implementação de projetos sociais, entre outros.
Por último, a governança permite a criação de ações voltadas para a construção de relações com base na transparência e ética, o desenvolvimento de ações de combate à corrupção, além da manutenção de atividades que estejam em conformidade com a legislação.
Defina métricas de acompanhamento
Ao definir qualquer tipo de estratégia, é fundamental que o acompanhamento das métricas seja feito de forma constante nas empresas.
Em ESG, isso torna-se ainda mais importante, uma vez que só assim será possível avaliar os impactos das ações diante dos stakeholders e da sociedade.
É importante destacar que as métricas dependem basicamente do escopo do negócio e do tipo de estratégia adotada.
Nesse caso, envolver a equipe nos projetos será crucial para definir indicadores que de fato estejam alinhados com os resultados que se pretende alcançar.
Aposte em melhorias contínuas
De nada adianta definir as métricas corretamente e analisá-las de forma periódica se não há um aprimoramento contínuo das ações.
Assim como qualquer estratégia, é preciso promover ajustes, entender o impacto que elas provocam na companhia e mudar a rota caso necessário.
Considerar as mudanças do mercado, avaliar tendências e novos recursos também são atitudes esperadas nessa etapa, sempre envolvendo a equipe responsável nos processos de melhoria.
Assim, a empresa conseguirá manter os princípios sustentáveis de forma eficiente em todas as áreas do negócio.
Tenha um conselho de ESG
Para que tais melhorias se façam presentes no dia a dia do negócio, uma boa saída é criar conselhos específicos para as ações de ESG.
Além de permitir planejar e executar as pautas com mais precisão, a manutenção da estratégia será resguardada, uma vez que será parte de um escopo especializado, capaz de deter todos os recursos e ferramentas para fortalecer esse processo cada vez mais.
Como a tecnologia pode impactar em ESG?
O uso da tecnologia pode ter um impacto significativo nos três pilares do ESG: ambiental, social e governança. Aqui estão alguns exemplos de como a tecnologia pode influenciar cada um desses pilares:
Ambiental
- Eficiência energética: A tecnologia pode ajudar a otimizar o consumo de energia, reduzindo o desperdício e melhorando a eficiência dos processos. Isso pode ser alcançado por meio de sensores inteligentes, automação, análise de dados e soluções de gerenciamento de energia.
- Energias renováveis: A tecnologia desempenha um papel fundamental na expansão e na adoção de energias renováveis, como energia solar, eólica, hidrelétrica e geotérmica. Ela permite o desenvolvimento de soluções mais eficientes para a geração, armazenamento e distribuição de energia limpa.
- Monitoramento e gestão ambiental: A tecnologia pode ser usada para monitorar e analisar o impacto ambiental das atividades de uma empresa. Sensores, drones, análise de dados e inteligência artificial podem ajudar a identificar e mitigar os riscos ambientais, monitorar a qualidade do ar e da água, prever padrões climáticos e melhorar a gestão de resíduos.
Social
- Acesso à informação e educação: A tecnologia pode desempenhar um papel importante na redução da lacuna digital e no acesso à informação e educação em áreas remotas ou desfavorecidas. Ela pode proporcionar oportunidades de aprendizado, treinamento e desenvolvimento para pessoas que, de outra forma, não teriam acesso a esses recursos.
- Inclusão e diversidade: A tecnologia pode ajudar a promover a diversidade e a inclusão em várias áreas, como recrutamento e seleção, treinamento, comunicação e colaboração. Ferramentas de comunicação digital e plataformas colaborativas podem facilitar a participação e a troca de ideias entre pessoas de diferentes origens e habilidades.
- Saúde e bem-estar: A tecnologia tem um impacto significativo na área da saúde, com avanços em telemedicina, monitoramento remoto de pacientes, dispositivos wearables e aplicativos de bem-estar. Essas soluções podem melhorar o acesso aos cuidados de saúde, facilitar a prevenção e o gerenciamento de doenças e promover estilos de vida saudáveis.
Governança
- Transparência e relatórios: A tecnologia pode facilitar a coleta, análise e comunicação de dados relevantes para a governança corporativa. Sistemas de gerenciamento de dados, blockchain e ferramentas de relatórios podem fornecer maior transparência nas práticas empresariais e na divulgação de informações.
- Engajamento dos acionistas: A tecnologia permite o engajamento dos acionistas por meio de plataformas de votação eletrônica, fóruns online e acesso a informações sobre a empresa. Isso pode fortalecer a participação dos acionistas, promover a responsabilidade corporativa e influenciar a tomada de decisões.
- Ética e segurança cibernética: Com a crescente dependência da tecnologia, as empresas enfrentam desafios relacionados à ética e segurança cibernética. É importante implementar políticas e práticas que protejam os dados dos clientes, evitem violações de privacidade e garantam a segurança cibernética, promovendo assim a confiança e a boa governança.
Em resumo, a tecnologia pode desempenhar um papel crucial na abordagem dos desafios do ESG, impulsionando a sustentabilidade ambiental, a inclusão social, a transparência e a boa governança corporativa.
No entanto, é essencial que o uso da tecnologia seja feito de maneira responsável, ética e alinhada aos princípios do ESG, considerando os possíveis impactos positivos e negativos em todas as dimensões.
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Conclusão
A adoção de práticas sustentáveis se tornou uma estratégia indispensável para empresas que buscam crescimento, retenção e fidelização de clientes e talentos, além de ajudar na redução de custos no negócio.
Diante disso, escolher ações de ESG que estejam alinhadas com o perfil do negócio é o que vai garantir bons resultados, fortalecendo o relacionamento de todos os envolvidos no projeto com a empresa.