A superprodução é um dos maiores temores das indústrias. Ao produzir mais que a demanda, os armazéns ficam lotados e o negócio sofre prejuízo contínuo.
Isso porque os produtos parados no estoque estão sujeitos a todo tipo de desgaste e ainda perdem valor com o tempo.
Felizmente, hoje existem diversas soluções que permitem enfrentar esse problema a partir de seus diferentes aspectos. Vamos mostrar aqui quais são os problemas envolvidos no excesso da produção e como essas ferramentas podem te ajudar a reduzi-lo ou até mesmo eliminá-lo! Confira logo abaixo!
Desperdícios na Superprodução
Ter produtos sempre disponíveis é algo que agrega valor para seus clientes. Afinal, pecar pelo excesso pode ser mais desejável que perder uma venda por falta de produtos.
Num bom mês, a superprodução pode resultar em muito lucro e crescimento para a indústria, visto que o lucro compensa o desperdício. Em contrapartida, um mês com poucas vendas significa matéria-prima, tempo e profissionais desperdiçados.
Nesses casos, o comum é recorrer à famosa “queima de estoque”. Embora ela seja atraente para novos clientes, não pode virar um hábito. Seus consumidores podem desenvolver o costume de esperar seus produtos baratearem ao invés de comprar as melhores e mais recentes opções.
Consequentemente, isso acaba abrindo maiores possibilidades para a insatisfação dos compradores. Ao comprar produtos desatualizados e desgastados pelo tempo, sua clientela pode ver sua indústria como produtora de materiais de qualidade duvidosa.
Sabendo reconhecer esse cenário, muitas indústrias começam a recorrer a um método não tão recente, mas muito eficaz nas indústrias japonesas, o Lean Manufacturing, assim como outros modelos de otimização.
E por que tomaram essa decisão? Porque melhorar sua operação pode ser custoso, mas manter processos que não tem 100% de eficiência desperdiça seus investimentos atuais e atrasa o seu ciclo de produção.
Confira abaixo alguns dos desperdícios relacionados a uma produção não otimizada:
Excesso de produção
O primeiro desperdício é o próprio processo de superprodução. Não apenas pelo desperdício gerado pelos produtos que não serão vendidos, como pela própria operação em si.
Se você está produzindo mais que o necessário, significa que suas máquinas e seus profissionais estão sendo estressados em troca de pouco ou nenhum retorno.
O resultado disso é maior necessidade de manutenção, mais gasto com pessoal e mais burocracia que, no final, não agregarão valor aos seus produtos.
Defeitos de fabricação e retrabalho
Como os japoneses perceberam ao adotar o fordismo, produzir em massa também é sinônimo de maior ocorrência de defeitos. Ao estressar a manufatura, as chances de surgirem erros é proporcionalmente maior.
Num cenário onde é necessário produzir 500 peças e 495 saíram com a qualidade esperada, então é necessário refazê-las. Isso resulta em retrabalho e gasto de recursos.
Contudo, não significa também que basta reduzir o ritmo de produção para melhorar a qualidade, porque isso poderia atrasar a entrega. No entanto, saber o quanto precisa ser produzido, é uma solução mais plausível.
Ao conceber antecipadamente sua demanda, é possível fazer apenas o necessário e, consequentemente, evitar estresse desnecessário para a operação.
Excesso de estoque
Ao produzir cegamente, sem que haja nenhuma percepção sobre sua demanda, seu estoque fica sem previsão da capacidade de armazenamento.
Para quem opera com pouca capacidade de estoque, a superprodução pode ser catastrófica. É necessário sempre um lugar para manter seus materiais e produtos protegidos e organizados.
Ter que reorganizar seus produtos frequentemente num espaço limitado também vai gerar muito retrabalho. Seus colaboradores acabarão gastando muito tempo para identificar e retirar qualquer material escondido em meio à variedade de itens.
Mesmo que toda a produção possa ser comportada pelos seus armazéns, quem está sendo afetado é o seu setor administrativo e financeiro.
Operar com excesso de estoque faz com que seu orçamento fique limitado sem necessidade, pois é um investimento que não agrega valor para seu produto.
Processamento excessivo
A superprodução cria a necessidade de procedimentos que ocuparão o tempo dos seus colaboradores sem que o cliente exigisse isso.
Manter a operação apenas pela operação não é uma forma inteligente de aplicar seus recursos e mesmo seus colaboradores percebem isso. Não é raro que certos processos sejam encarados como “sem sentido” e muitas vezes eles podem estar certos.
Com uma produção otimizada, cada tarefa é feita com o intuito de cumprir uma função evidente na cadeia. Caso alguma etapa não esteja trazendo o retorno necessário ou não agregue valor, é necessário eliminá-la ou reduzi-la ao máximo.
Outra consequência do processamento excessivo causado pela superprodução é a não previsibilidade. Isso porque a burocracia dispensável gerada e a falta de indicadores comerciais relevantes prejudicam a projeção de resultados futuros.
Além disso, é necessário pensar se todas as movimentações são feitas da forma mais eficiente. Mover materiais, produtos ou pessoal sem necessidade vai aumentar o tempo de produção e aumentar o custo para o consumidor final.
Tempo de espera elevado
Pode parecer contraditório, mas o excesso de produção pode também gerar atraso ao invés de aumentar a disponibilidade e vamos explicar o porquê:
Como dissemos anteriormente, entre os desperdícios gerados pela superprodução estão o surgimento de defeitos e a necessidade maior de manutenção.
Pois bem, quando há produtos defeituosos, é necessário refazê-los, o que vai aumentar o tempo de produção. Da mesma forma, o estresse exagerado pela operação vai aumentar as chances de falhas, o que vai exigir maior tempo de parada, principalmente quando a manutenção não é planejada.
Portanto, mesmo que a superprodução tenha o potencial de deixar um excedente de produtos para disponibilidade imediata, ela também torna sua produção mais vulnerável a atrasos.
Soluções possíveis para a superprodução
Para evitar que sua indústria seja afetada pelos excessos da operação produtiva há algumas soluções voltadas a melhorar a previsibilidade da sua demanda e monitorar a sua produção.
ERP
O software de gestão empresarial é extensivamente utilizado pelas indústrias por bons motivos. Ao integrar toda a base de dados administrativos, eles conseguem melhorar a visão geral do negócio e a transferência de tarefas entre setores.
Contudo, esse modelo de software não se atualizou tanto quanto outras opções no mercado, o que o torna relativamente defasado para determinadas funções.
Leia também: ERP para indústria: como funciona, benefícios e como selecionar o sistema certo para sua fábrica
CRM
O software de gestão de relacionamento com o cliente é um dos sistemas mais modernos disponíveis atualmente. Suas funções são voltadas especificamente para vendas, possibilitando melhor análise e controle da receita gerada pelo setor comercial.
Atualmente há disponibilidade de integrá-lo também ao ERP. Ao acessar a base de dados robusta da empresa, o CRM facilita a operação para seus vendedores, permitindo melhor desempenho, mesmo com uma equipe reduzida.
PCP
Embora alguns ERPs já tenham um módulo de PCP (Planejamento e Controle de Produção), é importante reforçar as vantagens desse sistema. É ele que vai permitir maior dinamismo da sua produção, pois oferece maior controle da produção como um todo, além de agilizar a realização de eventuais correções.
WMS
Como mencionamos, a superprodução afeta diretamente o estoque. Então uma ferramenta que seja capaz de gerenciar itens estocados e indicar sua localização, como os WMS (Warehouse Management System) também é relevante para otimizar a produção.
No entanto, a implementação deste sistema exige um armazém organizado. Assim, pode ser preferível resolver os problemas na produção antes de recorrer ao estoque.
Evite a superprodução por meio de uma produção puxada
A antiga técnica de “empurrar” a produção para seus clientes tem se mostrado cada vez mais defasada, sendo necessário que as indústrias se adaptem para melhorar processos e adquirir a confiança de seus consumidores.
Ao estabelecer uma cultura lean (ou “enxuta”) é possível implementar mudanças que irão justamente focar o motivo principal para sua demanda: o cliente. Produzindo apenas de acordo com a demanda, sua indústria evita gastos desnecessários e torna cada tarefa útil.
Se não há demanda que justifique a produção, pode ser que seja necessário investir mais em táticas de marketing e CRM para atrair um público que motive a crescente produção. Deixar de produzir em excesso não significa parar de produzir, mas produzir de maneira 100% eficaz.